
Cientistas brasileiros dão um passo à frente na área de diagnóstico por imagem. Uma equipe multidisciplinar da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um novo agente de contraste usando nanotecnologia.
O composto promete ser mais eficiente e seguro que os atuais, especialmente para pacientes com problemas renais.
A inovação por trás da descoberta
O novo agente de contraste é feito de nanopartículas de dióxido de titânio cobertas por óxido de ferro. Essa combinação oferece vantagens significativas sobre os agentes convencionais à base de gadolínio.
Os testes mostraram que o novo composto:
- É mais compatível com o corpo humano
- Sai do organismo pela urina
- Proporciona imagens mais nítidas por mais tempo
- Benefícios para os pacientes
O professor Koiti Araki, que coordena o Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia, explicou:
A mudança de protocolos envolve práticas já bastante consolidadas e quantidades expressivas de investimentos.
Isso sugere que a nova tecnologia pode ser adotada sem grandes alterações nos procedimentos atuais, facilitando sua implementação.
Um ponto crucial é a segurança para pacientes com problemas renais. Os agentes tradicionais podem ser tóxicos para os rins, especialmente em casos de insuficiência renal grave. O novo composto parece não apresentar esse risco.
Vantagens técnicas
O agente desenvolvido pela USP fica no sangue por mais tempo. Na verdade, seu tempo médio de circulação é duas vezes maior que o do gadolínio.
Isso pode ser muito útil em exames que precisam mostrar os vasos sanguíneos por períodos mais longos.
Nanotecnologia: um futuro promissor para a medicina
A nanotecnologia não se limita apenas aos agentes de contraste. Ela está transformando diversas áreas da medicina, desde o desenvolvimento de medicamentos até a criação de equipamentos médicos avançados.
- Um exemplo notável é a entrega direcionada de fármacos, especialmente no tratamento do câncer, onde as nanopartículas podem atacar células doentes de forma mais precisa.
Outro avanço significativo é a tecnologia teranóstica, que combina diagnóstico e tratamento em uma única abordagem. Essa inovação está abrindo caminho para uma medicina mais personalizada e eficaz.
No cenário brasileiro, iniciativas como a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estão impulsionando o desenvolvimento nessa área.
Parcerias entre instituições de pesquisa e hospitais de ponta, como a colaboração entre o Einstein e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), estão explorando o uso de nanotecnologia em vetores virais para terapia gênica, ampliando ainda mais as possibilidades de tratamentos inovadores.
Essa descoberta pode mudar a forma como fazemos exames de imagem, tornando-os mais seguros e eficazes. É um exemplo do poder da pesquisa brasileira em criar soluções inovadoras para problemas médicos globais.
- Fonte: https://jornal.usp.br